O deputado estadual Robinson Almeida (PT) afirmou que vai apresentar um projeto de lei para vetar a utilização do “fracking” para extração de gás xisto na Bahia. A promessa foi feita durante Audiência Pública requerida pelo deputado federal Jorge Solla (PT), na sexta-feira (14), na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba.
“Vou pedir ao deputado Solla ajuda para elaboração do projeto, vou conversar com meus colegas da bancada do PT e vou ser um dos lutadores enquanto deputado para que a gente preserve nosso solo, nossas riquezas minerais, nossa gente”, afirmou Robinson.
“Santa Catarina, Paraná, e diversos países já têm leis que proíbem o fracking, espero que na Bahia a gente também consiga aprovar se antecipar ao dano causado por esse tipo de extração de gás xisto”, disse Solla, que também foi requerente de uma audiência em outubro, em Brasília, na Câmara.
O método de perfuração hidráulica injeta uma quantidade abundante de água e componentes químicos em uma área bem profunda para obter o gás com alto grau de toxicidade para a saúde humana e potencial risco cancerígeno.
Na Bahia, ainda não há nenhuma lei que impeça nem local em atividade de exploração, mas já existem áreas com concessão para a exploração deste gás.
Uma das regiões fica abaixo de um importante aquífero, que abastece a cidade de Alagoinhas, conhecida nos últimos anos pelo potencial na indústria de bebidas, em especial de cerveja, devido à qualidade da água.
Nicole Oliveira, ativista socioambiental e diretora do Instituto Arayara, destacou que os riscos ao meio ambiente e à saúde já foram comprovados há anos por pesquisas respeitadas.
Um estudo da Universidade Jhon Hopkins, dos EUA, de 2015, mostra que cidades como a Pensilvânia, onde há o fraturamento hidráulico para obtenção do “gás da morte”, cresceu em 40% o número de mães com nascimento de bebês prematuros, e pelo menos 30% mais chance de ter uma gravidez de risco.
“Diversas pesquisas mostram que os componentes utilizados no fracking geram consequências no sistema endócrino, neurológico”, disse Nicole, que foi uma das pessoas a compor a mesa na audiência.
Outro estudo, ainda mais recente, publicado este ano na Revista Environmental Health Perspectives, mostra uma propensão de duas a três vezes maior para o desenvolvimento de leucemias raras em crianças que crescem em regiões onde se aplica a técnica de fracking.
Juliano Araújo, que também integra a direção do Instituto Arayara e membro do Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida (COESUS), ressalta que a área com potencial de exploração para extração do gás xisto, abriga 4 milhões de baianos.
“É preciso que a Bahia não permita isso. Uma prática que serve para enriquecer poucos, enquanto expõe milhões de pessoas a um risco enorme pela contaminação com o gás da morte”, afirmou Juliano.