Robinson diz que Chesf deve ser responsabilizada e ameaça CPI na Alba

O deputado estadual Robinson Almeida (PT) responsabilizou a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) pela inundação em cidades baianas, como Jequié, depois da abertura das comportas da Barragem de Pedra, da Bacia do Rio de Contas, em decorrência das chuvas que atingiram a região do médio sudoeste baiano no final de dezembro. Para Robinson, a empresa “cometeu um crime contra a vida e a economia popular” de Jequié, Ipiaú e cidades atingidas e precisa ser responsabilizada por isso.

“Nós entendemos que houve uma mudança grande na gestãod a Chesf, que foi privatizado pelas medidas neoliberais do governo anterior. Logo nesse primeiro ano de empresa privatizada temos essa tragédia sem precedentes. Um conjunto de dúvidas fica no ar. A boa norma diz que 60% do volume acumulado da barragem você pode usar para fins múltiplos. O que explica o volume de água chegar até 90%? Não ocorreu um planejamento de descarga da barragem?”, questionou Robinson, em entrevista ao Isso é Bahia, da rádio A TARDE FM, na manhã desta terça-feira, 3. 

“Foram 2,4 milhões de litros de água por segundo para não transbordar. Foi esse volume que inundou Jequié e as cidades abaixo. A Chesf deu uma nota pública, mas não explicou. Fiz um requerimento perguntando essas questões, como a vazão diária, a vazão de descarga e como foi a decisão de fazer essas descarga abrupta. Até hoje eu não recebi resposta e estou denunciando essa operação criminosa. A empresa precisa ser responsabilizada”, acrescentou o deputado. 

O aumento da vazão da Barragem de Pedra pela Chesf, na região de Jequié, deixou mais de 150 pessoas desabrigadas, mais de 30 mil pessoas atingidas pela enchente e mais de 2 mil imóveis danificados em Jequié. Os prejuízos são calculados em mais de R$ 100 milhões. O ex-governador Rui Costa pediu a Procuradoria Geral do Estado para acionar a Chesf judicialmente pelo que considerou erro grave da companhia na operação da Barragem de Pedra.

Ao Isso é Bahia, Robinson Almeida ainda revelou que caso a situação não esteja resolvida até o retorno das atividades na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), a operação da Chesf pode ser alvo de investigação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Anteriormente, a ideia foi mencionada pelo deputado Rosemberg Pinto, também do PT. 

“Fiz esse requerimento de informação via Assembleia Legislativa que é para se ter de forma oficial qual a posição da empresa. O governo do estado acionou a Procuradoria-Geral do Estado (PGE) para fazer uma ação judicial. No momento, está coletando informação técnicas junto aos órgãos hidrícos para substanciar essa ação. Também iremos propor na Alba, na volta do recesso, uma CPI para ter um instrumento jurídico para responsabilizar e prender. Essas são as medidas em curso e planejadas para que a empresa privatizada tenha responsabilidade pela gestão do dano patrimonial”, falou.