A Comissão de Educação, Cultura, Ciência e Tecnologia e Serviço Público da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) realizou, nesta sexta-feira (5), uma audiência pública itinerante no município de Itaberaba em prol da implantação da Universidade Federal da Chapada Diamantina (UFCD). O concorrido ato promovido em parceria com o Movimento Pró-UFCD aconteceu no auditório do Centro Territorial de Educação Profissional (CETEP) do município e atraiu prefeitos, vereadores, secretários municipais, representantes da sociedade civil organizada, professores, estudantes, dentre outros.
O debate, que também já aconteceu nas cidades de Irecê e Seabra, foi conduzido pelo deputado Robinson Almeida (PT), integrante do Colegiado de Educação na ALBA. Em seu discurso, ele relembrou que os baianos passaram cerca de 200 anos com apenas a Universidade Federal da Bahia (Ufba), mas que com a chegada do governo Lula, a partir de 2003, o Estado alcançou o total de seis instituições de ensino superior de nível federal. “A eleição de Lula em 2022 e a posse em 2023 renovou a esperança pela criação de novas universidades. Na Bahia, já havia movimentos para criação de universidades em regiões que não são ainda atendidas pela oferta do ensino superior. Aqui, foi retomada essa luta, que não é de agora, já existe há algum tempo”, contextualizou.
Almeida frisou que é importante a participação da sociedade, pois o sucesso da jornada depende do empenho de cada pessoa. “Temos que levar essa luta sem nenhuma barreira política ou ideológica. É uma luta de todos, independentemente da filiação partidária do prefeito, do vereador ou do presidente da Câmara”, ressaltou.
O sonho foi renovado, argumentou o parlamentar, depois que o Plano Plurianual (PPA) do Governo Federal para o período de 2024 a 2027, ao abrir para participação da sociedade em geral, passou a considerar a implantação da UFCD. Atualmente, a estimativa é que a chegada da instituição possa atender a cerca de um milhão de habitantes das regiões da Chapada Diamantina, Território de Irecê e Piemonte da Chapada, que reúnem quase 60 municípios.
Integrante da mesa do evento, o secretário de Educação de Itaberaba, Adauto Araújo, disse que a prefeitura local e a pasta estão à disposição para a mobilização que busca atrair o polo educacional para a região. Diretora do Núcleo Territorial de Educação (NTE 14), Valdeci Santana enfatizou a necessidade de ampliar as possibilidades de ingresso dos jovens no ensino superior na região. O núcleo educacional que a gestora dirige engloba 13 municípios e tem, aproximadamente, 13 mil alunos saindo do ensino médio anualmente. “Estamos sonhando juntos. Todo mundo aqui nesta audiência tem um objetivo: dar dignidade aos nossos jovens”, frisou.
Cláudio Serrada, prefeito de Ruy Barbosa, lembrou que o sonho de implantação da UFCD já tem, no mínimo, 35 anos. “A gente precisa continuar lutando, porque em 13 anos a Bahia ganhou seis universidades federais. Temos a esperança de que nossos sonhos possam se tornar realidade, e esse é o objetivo da nossa luta”, afirmou. Quem também externou otimismo foi a prefeita de Nova Redenção, Guilma Soares. “Em breve, essa universidade chegará aqui, porque ninguém vai soltar a mão de ninguém nesta luta”, discursou.
Representando o Movimento Pela Universidade Federal Chapada Diamantina, José Donizete fez um retrospecto da mobilização em prol da implantação da instituição na região ao longo dos últimos anos. Ele disse que as regiões da Chapada Diamantina, Piemonte da Chapada e Território de Irecê têm, juntas, aproximadamente 28 mil egressos do ensino médio. Portanto, destacou, essa é a hora de o centro do interior baiano ser contemplado com uma universidade federal, pois “as bordas” do estado da Bahia já foram agraciados.
A coordenadora do Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Piemonte do Paraguaçu, Micherlanne Ferraz, ressaltou que a luta pela UFCD é uma jornada em busca de melhores condições de estudos para as futuras gerações. O representante da Escola Família Agrícola de Ruy Barbosa, Ilmar Santana, contou a experiência vivenciada na unidade escolar com os estudantes concluintes do ensino médio ao longo dos 30 anos da entidade. “Vários jovens que passam por nossa escola, quando terminam o curso, não têm pretensão de fazer um Enem ou vestibular. Aqueles que fazem, desistem antes de chegar à universidade. E ainda há alguns que chegam à faculdade, mas desistem diante das dificuldades. Assim, uma pequena parcela consegue concluir uma graduação”, exemplificou.
O município de Souto Soares foi representado pela secretária de Educação, Zaira Barbosa, e pela vereadora Mazinha. Elas enfatizaram a necessidade de engajamento de todos no processo de mobilização para que os estudantes tenham oportunidades de cursar uma graduação sem ter que sair da sua região. Zaira relatou que o município possui cinco casas de apoio a estudantes nas cidades de Salvador, Feira de Santana, Vitória da Conquista, Seabra e Irecê. “Precisamos da UFCD aqui para acesso, permanência e sucesso da nossa população que queira estudar”, reiterou a gestora municipal da Educação.
A representante territorial da Cultura, Dirlei Santos, o estudante do curso de História da Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Deusdete Neto, e a professora Agda Estela, coordenadora da Universidade Aberta do Brasil (UAB) em Itaberaba, enalteceram a luta em prol da educação de nível superior para a região. “Precisamos destas instituições por perto para favorecer o acesso à educação. Universidade precisa ser um direito. Não vejo outra forma de transformação de vidas a não ser pela educação. Essa briga pela universidade federal é nossa”, disse Agda.